No momento em que o Amazonas registrou uma redução de 69% nos casos de
sífilis ao longo dos últimos dois anos, o Estado agora está com estoque de penicilina
benzatina (Benzetacil) “na reserva”, o que ameaça o controle da doença. A droga
é o principal antibiótico utilizado no tratamento. Com o fracionamento, as
gestantes estão recebendo tratamento prioritário. A “escassez” se repete em
outros estados brasileiros. No ano passado, 678 pessoas foram diagnosticadas
com sífilis no Amazonas. Em 2013 foram 976. As informações são da coordenadora
estadual de DST/AIDS e hepatites virais, Silvana Lima. “Nós também estamos
enfrentando essa baixa no estoque e estamos dando prioridade para tratar as
gestantes”. Para os demais casos estão sendo utilizados antibióticos alternativos.
“Na ausência desta, existem outras drogas como a Doxiciclina, Ceftriaxona, mas
cada uma com indicações individuais e só podem ser distribuídas com prescrição
médica”. A coordenadora do Fórum Amazonas de Organização da Sociedade Civil em
DST, AIDS e Hepatites virais, Evalcilene Santos, critica a escassez na oferta
dos medicamentos e teme que mais pacientes sejam prejudicados. “Estamos vivendo
em um momento crítico para a saúde pública, principalmente para quem convive
com doenças sexualmente transmissíveis, com a redução de medicamentos”. A
sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum (na
foto), podendo se manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas
duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. ‘Contágio’ -
A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante
o sexo sem camisinha com alguém infectado, por transfusão de sangue contaminado
ou da mãe infectada para o bebê, durante a gestação ou o parto: neste caso a
criança adquire a sífilis congênita – ainda configura-se como taxa elevada na
população pobre brasileira. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde
(FVS-AM), no ano passado, de 538 gestantes diagnosticadas com sífilis em todo o
Estado, 138 crianças nasceram com a doença, sendo 116 em Manaus. Este ano, 267
gestantes amazonenses foram diagnosticadas e 86 recém-nascidos nasceram com
sífilis congênita. Até junho deste ano, duas crianças já morreram com a
doença. Durante todo o ano passado foram oito. O Ministério da Saúde deixa
claro que, quando a sífilis é detectada, o tratamento deve ser iniciado o mais
rápido possível. “No caso das gestantes, é muito importante que o tratamento
seja feito com a penicilina, pois é o único medicamento capaz de tratar a mãe e
o bebê. Com qualquer outro remédio, o bebê não estará sendo tratado”. ‘Escassez mundial’ - O
Ministério da Saúde esclareceu que Penicilina Benzatina é um medicamento que
faz parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica. “Foi identificado
que há escassez mundial no suprimento de matéria-prima utilizada para a
produção de penicilina. O Brasil finaliza o produto, mas a matéria-prima é
importada. Alguns produtores mundiais passaram a não disponibilizar mais o
produto, forçando a indústria brasileira a procurar novos fornecedores. Vale
ressaltar que, quando há troca do fornecedor, a Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) tem que emitir nova certificação”, informou. Ainda
segundo o MS, o órgão repassa recurso para a compra, “mas cabe aos Estados,
Distrito Federal e municípios a aquisição, seleção, armazenamento, controle de
estoque e prazos de validade, além da distribuição e dispensação destes
medicamentos”. O órgão também informou que “vem monitorando a produção e o
abastecimento nacional do medicamento penicilina benzatina desde o segundo
semestre de 2014, quando começou a receber notificações sobre atraso na entrega”.
Estoque - A
previsão, segundo o Ministério da Saúde, é de que para o próximo mês, haverá
disponibilidade de 1,2 milhão de ampolas, número que supre a demanda nacional.
O órgão informou que vai continuar o monitoramento até que a situação
esteja regularizada, e com a disponibilidade global do medicamento. Em números -
1216 foi o número de pessoas que foram diagnosticadas com
sífilis no Amazonas durante o ano passado, incluindo gestantes. Em
2014, 138 crianças nasceram com a doença, sendo 116 em Manaus. Este ano, 267
gestantes amazonenses foram diagnosticadas. Editor PGAPereira.
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