Manaus - Com a
vazante do Rio Negro, um novo problema afeta as pessoas que tiveram as casas
alagadas: o lixo. Além de represar igarapés, exala mau-cheiro. O subsecretário
operacional de Limpeza Pública, José Rebouças, disse que a limpeza dos igarapés
e das margens de rios é permanente, mas a água represada dificulta o trabalho.
“A população não tem consciência e joga muito lixo na rua e na água, então vai
ser sempre assim durante as cheias e vazantes”, disse. Conforme Rebouças,
diariamente é retirada uma média de 27 toneladas de lixo dos rios e igarapé.
“Temos 60 homens na rua todos os dias, no período da vazante, vamos ter cerca
de 200 pessoas envolvidas nesse trabalho. Para fazer toda essa limpeza utiliza
10 botes com motor de polpa, duas balsas e duas escavadeiras hidráulicas”,
informou. No ventilador - A doméstica Luciana Santos, 30 anos, que mora
no Beco Vitoria, conta que o odor da água atrapalha principalmente na hora das
refeições. “É quase impossível conviver com esse mau cheiro de tanto lixo
jogado na água. Na hora de comer, temos que ligar o ventilador próximo da gente
para não vomitar. Só aguento isso porque não tenho para onde ir com meus filhos
de 5 e 2 anos”, disse. O aposentado Claudenir Lima 68 anos, que mora no mesmo
beco, disse que o lixo acumulado vem dos próprios moradores do bairro. “As
pessoas não tem consciência e jogam muito lixo na rua e no rio. Depois, ficam
sofrendo com o mau cheiro”, reclamou. No bairro São Jorge, zona oeste, os
moradores da Rua da Cachoeira também reclamam da poluição. “Durante a manhã, o
mau cheiro é ainda maior. Fico até com dor de cabeça, me tranco no quarto para
tentar comer direito e sem nojo. E agora com o rio secando, temos que ter
cuidado redobrado para não ter contato com essa água”, contou o carpinteiro
Luvison Ribeiro, 23 anos. O cobrador Alessandro Jesus, 19 anos, disse que os
moradores já se acostumaram com o mau cheiro. “Incomoda-me e muito esse odor,
mas acredito que meus vizinhos não, porque continuam jogando lixo no igarapé,
então não estão ligando para esse mau cheiro”, afirmou. Recorde - Dados
do Serviço Geológico do Brasil – CPRM - mostram que a cota emergencial da cheia
de 29 metros deve ultrapassar o mês de julho. Segundo o pesquisador André
Santos, a demora na vazante é um novo recorde e as pessoas afetadas devem
sofrer ainda mais com os transtornos da cheia. “A cota de 29 metros, na qual
consideramos de emergência, deve durar até a primeira semana do mês de agosto.
Já estamos há 57 dias com essa média, e ficaremos assim por mais 20 dias. Nunca
registramos uma demora como essa durante a vazante, realmente teremos um novo
recorde”, disse o pesquisador. Segundo André, a cheia que mais durou com a cota
de 29 metros foi a de 2009. “Em 2009, a medida emergencial ficou até o dia 31
de julho. Esse ano, a situação muda e as pessoas que tiveram as casas alagadas ou
que moram próximo de alagamentos vão sofrer ainda mais com os transtornos”. Desde
o dia 8 de julho, quando começou o período de vazante, o Rio Negro secou apenas
6 cm, segundo a CPRM. [ Foto - No Beco
Vitória, em São Raimundo, zona oeste, o lixo fica próximo às casas.] Editor
PGAPereira.
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