Exposição prolongada a agrotóxicos pode causar desde irritações na pele,
vômitos e alergias, a mal de Parkinson e câncer. Os dados alarmantes foram
apresentados pela representante do Instituto Nacional de Câncer, Marcia Sarpa,
em audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável. O Inca estimou a ocorrência de 576 mil casos de câncer, no Brasil,
entre 2014 e 2015. A reunião, que discutiu os impactos dos agrotóxicos na saúde
e no meio ambiente, realizou-se neste dia 3 de dezembro, em que é comemorado o
Dia Mundial de Luta contra Agrotóxicos. A data foi escolhida em memória da
tragédia de Bhopal, na Índia, em 1984, quando houve um vazamento de cerca de 40
toneladas de gases letais de uma fábrica de agrotóxicos. O desastre provocou a
morte de mais de sete mil pessoas. Márcia Sarpa explicou que as baixas dosem e as exposições múltiplas
às substâncias desregulam o sistema imunológico e são responsáveis por mutações
no DNA que podem levar ao câncer. Segundo ela, acreditava-se que a maioria dos
casos da doença era proveniente de fatores genéticos, mas hoje já se tem
entendimento que 80 a 90 por cento dos casos de câncer estão relacionados a
fatores biológicos, físicos e químicos. Sarpa afirma que a prevenção é
possível. "Como medidas urgentes que nós temos aqui no Brasil é o
cumprimento da legislação, porque a gente tem uma lei, a Lei dos Agrotóxicos
(7802/89) que é bem rigorosa quando fala que agrotóxicos mutagênicos,
carcinogênicos, teratogênicos não podem ser registrados no Brasil. Então o que
a gente pede é o quê? Vamos cumprir a lei. Proibir a pulverização aérea.
Proibir o uso de agrotóxicos proibidos em outros países, porque nós não somos o
lixo do mundo. Porque se não é permitido lá, por que é permitido aqui? O fim
dos subsídios políticos do veneno. E implantar nos municípios a vigilância da saúde das
pessoas expostas ao agrotóxico." O coordenador do Fórum Nacional de
Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Pedro Serafim da Silva, acrescentou que a
proposta de emenda a Constituição (491/2010) que proíbe a criação de imposto
incidente sobre insumos agrícolas é um retrocesso. O deputado Augusto Carvalho,
do Solidariedade do Distrito Federal, disse que o atual modelo brasileiro de
produção de commodities tem provocado várias tragédias no país. "Tragédias
é o que marca o nosso tempo. Enquanto o Brasil continuar com esse modelo de
grande produtor e exportador de commodities, nós vamos ter as mineradoras
fazendo o que fizeram agora em Mariana e outras tragédias poderão acontecer. E
a produção de grãos de commodities que podem também estar levando a uma
tragédia invisível e pouco dimensionada." Editor PauloGAPereira.
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