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domingo, 6 de dezembro de 2015

576.000 casos de câncer entre 2014 e 2015 por agrotóxicos no Brasil

Exposição prolongada a agrotóxicos pode causar desde irritações na pele, vômitos e alergias, a mal de Parkinson e câncer. Os dados alarmantes foram apresentados pela representante do Instituto Nacional de Câncer, Marcia Sarpa, em audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. O Inca estimou a ocorrência de 576 mil casos de câncer, no Brasil, entre 2014 e 2015. A reunião, que discutiu os impactos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente, realizou-se neste dia 3 de dezembro, em que é comemorado o Dia Mundial de Luta contra Agrotóxicos. A data foi escolhida em memória da tragédia de Bhopal, na Índia, em 1984, quando houve um vazamento de cerca de 40 toneladas de gases letais de uma fábrica de agrotóxicos. O desastre provocou a morte de mais de sete mil pessoas. Márcia Sarpa explicou que as baixas dosem e as exposições múltiplas às substâncias desregulam o sistema imunológico e são responsáveis por mutações no DNA que podem levar ao câncer. Segundo ela, acreditava-se que a maioria dos casos da doença era proveniente de fatores genéticos, mas hoje já se tem entendimento que 80 a 90 por cento dos casos de câncer estão relacionados a fatores biológicos, físicos e químicos. Sarpa afirma que a prevenção é possível. "Como medidas urgentes que nós temos aqui no Brasil é o cumprimento da legislação, porque a gente tem uma lei, a Lei dos Agrotóxicos (7802/89) que é bem rigorosa quando fala que agrotóxicos mutagênicos, carcinogênicos, teratogênicos não podem ser registrados no Brasil. Então o que a gente pede é o quê? Vamos cumprir a lei. Proibir a pulverização aérea. Proibir o uso de agrotóxicos proibidos em outros países, porque nós não somos o lixo do mundo. Porque se não é permitido lá, por que é permitido aqui? O fim dos subsídios políticos do veneno. E implantar nos municípios a vigilância da saúde das pessoas expostas ao agrotóxico." O coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Pedro Serafim da Silva, acrescentou que a proposta de emenda a Constituição (491/2010) que proíbe a criação de imposto incidente sobre insumos agrícolas é um retrocesso. O deputado Augusto Carvalho, do Solidariedade do Distrito Federal, disse que o atual modelo brasileiro de produção de commodities tem provocado várias tragédias no país. "Tragédias é o que marca o nosso tempo. Enquanto o Brasil continuar com esse modelo de grande produtor e exportador de commodities, nós vamos ter as mineradoras fazendo o que fizeram agora em Mariana e outras tragédias poderão acontecer. E a produção de grãos de commodities que podem também estar levando a uma tragédia invisível e pouco dimensionada." Editor PauloGAPereira. 

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