Processos contra União atinge a marca dos R$ 909 bilhões
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Recife |
Os
processos que tramitam na Justiça contra a União e sobre os quais o risco de
derrota é maior do que remoto somam R$ 909 bilhões, num cálculo conservador. É
o que indica levantamento feito pelo 'Estado' num documento anexo à proposta de
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015, chamado "riscos
fiscais". Em comparação com o ano anterior, a conta cresceu 31%. Esses
números são informados aos parlamentares, em cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal, para que saibam que há
faturas fora do Orçamento que podem causar impacto nas contas em algum momento
- o que ficou conhecido, nos anos 90, como "esqueletos". Dessa forma,
a cifra bilionária é divulgada para dar a deputados e senadores um horizonte de
gastos do governo no médio e longo prazos,
informa o Ministério do Planejamento. Ela não indica que tudo será convertido
em despesa federal, pois são causas jurídicas em discussão. Além disso,
uma eventual derrota da União não traz efeitos imediatos. O "prejuízo"
normalmente é diluído nos anos seguintes com a emissão de títulos para
pagamentos de dívida (precatórios). O volume de precatórios emitidos este ano
deverá chegar a R$ 14,7 bilhões, segundo informa o anexo à LDO. Para os
próximos três anos, a estimativa é de R$ 16,1 bilhões a cada ano. O crescimento
da conta dos "esqueletos" ocorreu, entre outros fatores, porque o
governo elevou de R$ 50 bilhões para R$ 173,5 bilhões a estimativa de custo de
uma derrota numa disputa de mais de 20 anos travada com os usineiros. "O
aumento do valor se deu em razão de cálculo realizado decorrente da inclusão de
novos processos sobre o tema, tudo em virtude de um diagnóstico mais preciso e
aperfeiçoado de todos os processos", explicou a Advocacia-Geral da União
(AGU). As estimativas foram puxadas para cima também pela inclusão de
novas causas bilionárias na lista, segundo o Ministério do Planejamento. As
prefeituras, por exemplo, cobram R$ 118 bilhões da União, que teriam sido
perdidos em medidas de combate à crise econômica. Foram também incluídas
duas causas tributárias. A primeira, que pode custar até R$ 66,88 bilhões,
discute se o governo poderia ou não ter revogado isenções tributárias
anteriormente concedidas às cooperativas. Elas estavam livres do recolhimento da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), mas essa situação foi
revertida por uma medida provisória editada em 1999. Na outra causa,
estimada em R$ 35,22 bilhões, as empresas discutem se têm ou não direito a
crédito tributário do IPI sobre insumos adquiridos na Zona Franca de Manaus. O
anexo de riscos fiscais também alerta para outros fatores que podem impactar no
caixa, como uma frustração na taxa de crescimento econômico ou o volume de
operações de empréstimo nos quais a União é avalista, pois em caso de
"calote" a fatura sobra para os cofres federais. Por outro lado,
estima o que a União tem a receber - que também é uma cifra enorme. Os créditos
que estão em cobrança, inscritos na Dívida Ativa da União, eram de R$ 1,2
trilhão no final de 2013, um crescimento de 9% sobre o ano anterior. No ano
passado, o governo conseguiu receber R$ 23,5 bilhões de todo esse estoque. As
informações são do jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Editor PauloGomesDeAraújoPereira.
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