Hoje
todos os engenhos estão alugados às usinas de açúcar cuja produção, colheita,
plantio, limpeza, adubagem e agrotóxicos são de inteira responsabilidade delas.
E as pequenas cidades da Zona da Mata assistem dezenas de ônibus velhos
transportarem os cortadores de cana partindo logo cedo às 4 horas e chegando à
tardinha. É um dos piores serviços na face da Terra porque engloba semear
agrotóxicos – alguns proibidos – poucos dias após o corte da cana, limpeza da
área de ervas daninhas, aspiração de carvão durante o corte logo após a
queimada e predisposição a um fator cancerígeno na pele devido a exposição ao
Sol de 10 às 15 horas, isso quase todos os dias da semana. A maioria dos países
fabrica açúcar e álcool seja através da cana, do milho, do arroz ou beterraba.
Mas ela está tomando os campos para criação de gado cujos subprodutos ficam
encarecidos ou até faltam em certas regiões do globo terrestre. Possuir um
automóvel hoje é um luxo, mas devia ser uma necessidade, por exemplo,
transporte de doentes para hospitais, lazer e intempéries, porém é criminoso o
seu uso para outros fins quando se devia usar, em seu lugar, o transporte
público. O problema todo está nas grandes cidades que não desenvolveram um
programa de transporte em massa, climatizado – o nordeste do Brasil é uma das
áreas mais quentes do planeta, ele situa-se próximo ao equador terrestre e é
seco - com ônibus novos ou metrôs, e o individualismo se impetrou covardemente
nas capitais. Os políticos deviam incentivar o uso dos transportes públicos na
população brasileira com programas que trouxessem prêmios, por exemplo, 20
passagens grátis mensais. Ora veja, isso traria economia ao setor da área
energética, qual seja o petróleo de origem fóssil. Hoje se assiste perplexo ao
desperdício do valioso ouro negro seja para os ricos levarem os filhos ao
colégio e faculdades, visitar amigos, ir ao shopping nas grandes cidades, enfim
virou um vício do cidadão como meio de locomoção nas grandes cidades, afinal um
grande desperdício de reservas naturais e que não serão repostas. No meu ver as
cidades grandes são verdadeiras incentivadoras de consumos exagerados, não
pregam a Sustentabilidade, essas grandes cidades consomem praticamente a
maioria esmagadora dos recursos ou verbas dos fundos de participação dos
municípios, prejudicando as pequenas cidades e os moradores rurais que não têm
acesso a água de poço artesiano, estradas bem cuidadas, segurança e postos
avançados de saúde. Os países devem
trazer a tona o consumo criminoso do petróleo, criar leis para proibir o uso
indevido de seus subprodutos. Os grandes locatários de terras têm um meio
seguro de tocarem seus negócios com o arrendamento de suas propriedades às
usinas de açúcar, mas por outro lado percebem um lucro irrisório nessa
transação comercial barata. Seria melhor que eles partissem para a criação de
gado como outros estão fazendo. Na realidade, faltou um interesse da
presidência para implantar uma diversificação na agricultura brasileira, pois
essas normas deviam vir de lá, e há muito tempo atrás. Se o preço do açúcar está atrelado à cotação
internacional e, por ser extremamente baixo e desvantajoso partiríamos para a
comercialização de outros gêneros de produto conforme os atributos dos
terrenos. Já está na hora de se plantar Stevea
(açúcar natural 200 vezes mais doce que o açúcar de cana) no Brasil, assim
teríamos uma disposição de área para pastoreio em torno de 199 vezes mais. Os salários pagos pelas usinas da Mata Norte
ficam aquém do salário mínimo mensal, principalmente nas entressafras que vão
de fevereiro a agosto, que para nós não é recomendável, o governo devia bancar
o prejuízo dos cortadores com uma bolsa extra. Cidades inteiras ficam
penduradas nas moagens de cana de açúcar pelas usinas próximas, de tal modo que
todo o comércio deslancha apenas nos períodos de setembro a janeiro, no mais,
as cidades tornam-se desérticas, ruas parecendo cemitérios, todos reclusos as
suas casas assistindo a Globo, francamente. Tudo isso é um chamariz a ditaduras
de prefeitos e sua laias, uma escravidão dos munícipes que assistem indefesos
aos desmandos desses aproveitadores. Nem a presidência, nem os governadores, ou
o quer que seja não moveram uma palha pela melhoria de vida desse povo pobre.
Para governar o Brasil devia-se ter capacidade, formação intelectual, uma predisposição
pela coisa pública. Esse país precisa
entrar nos eixos custe o que custar. Sem dúvida, estão faltando políticos
pioneiros, desbravadores. (Original do editor Paulo Gomes de Buenos Aires.)
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