por PGAPereira. Estas fotos mostram o descaso da Secretaria de Educação do município para com a sua população, provavelmente esses meninos nunca tenham assistido aulas de prevenção de saúde pública ou visto os micróbios através de microscópios e as doenças que eles provocam. No ano passado, o Brasil produziu uma montanha de lixo. Foram quase 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos. É mais do que absurdo e indignação. É desperdício e inoperância. A foto do menino de Saramandaia, quase engolido pela sujeira do canal, carrega um pouco de todos nós (ver galeria de imagens no final da matéria). É o nosso lixo de cada dia que está ali, espiando os pecados de uma cidade que não aprendeu a tratar seus restos com consciência e cidadania. A confissão de culpa flagrada em cada detalhe. Perpetuada nos milhares de garrafas PET, sacos plásticos, latinhas de refrigerante, na trivial embalagem de margarina. Quase tudo reaproveitável. Não deveria, nem precisava estar lá. De onde veio esse mar de entulhos que, dragado pela maré baixa do Canal do Arruda, sufoca e corrói a infância dos meninos de Saramandaia? Como ele foi parar ali na foto que correu o mundo? Basta ver. É lixo vindo das nossas cozinhas, da rotina diária de todas as casas. Lixo doméstico. Produzido por uma metrópole que ainda não incorporou, sequer descobriu a coleta seletiva como um hábito saudável e urgente. A população até sabe da importância de reciclar, mas o costume de separar garrafas, vidro, papel é muito mais discurso do que prática. Uma pesquisa inédita do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco, realizada com moradores do Grande Recife, vai direto ao ponto. Feito no final do ano passado e recém-concluído, o levantamento não deixa dúvidas: todos são a favor da reciclagem. Mas poucos, pouquíssimos, contribuem com ela. Os números evidenciam a contradição do dia a dia. Cerca de 95% dos moradores ouvidos consideram a coleta seletiva importante. Mas apenas 10% separam diariamente o lixo, condição fundamental para a reciclagem. Na tentativa de apontar uma explicação para um percentual tão baixo de adeptos da coleta seletiva, a pesquisa questiona entre os que afirmaram que “nunca”, “raramente” ou “só às vezes” separam os resíduos, o porquê dessa resistência? A resposta coloca o dedo na ferida: quase 60% dos entrevistados afirmaram que não fazem a coleta separada porque a prefeitura, na hora de recolher o material reciclável, mistura tudo com o lixo comum. É um problema agravado por outro. Se o universo dos que reciclam é mínimo, a falta de continuidade e exemplo do poder público desestimula, e até afasta, quem poderia e deveria ser convencido a adotar uma prática mais sustentável. O impasse se volta, de novo, para a foto de Paulinho, o menino de 9 anos, que ganha, quando muito, R$ 5, por dia, para separar o lixo que o descaso e a omissão jogaram no canal. A pesquisa, feita em parceria com a Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), quis saber, quem, na opinião da população, é o maior responsável pelos problemas gerados pelo lixo. Pelo menos no discurso, a compreensão é clara: para quase 60% das pessoas ouvidas, esse é um problema de “todos”. Nas ruas do Recife, o resultado do levantamento fica evidente de uma forma inconteste e preocupante. Não importa qual o pedaço da cidade, se o lado dos ricos ou dos mais pobres, o hábito de jogar dejetos nas vias públicas é uma prática de todos. Independe do endereço e do valor do IPTU pago. Improvável imaginar que na Avenida Beira-Rio, no bairro das Graças, área nobre da capital, existe um lixão a céu aberto. Mas ali, às margens do Rio Capibaribe e aos pés dos arranha-céus de luxo, cresce diariamente um depósito alimentado pelos restos de construção de prédios e casas de moradores da própria região. A reportagem flagrou o momento em que um dos carroceiros despejava metralha trazida de uma reforma feita por um edifício a poucas quadras dali. Uma rápida olhada no lixo orgânico depositado no trecho privilegiado da cidade também é revelador: garrafas de vinho italiano, azeite extravirgem de qualidade e vinagre balsâmico se misturam a restos de comida que espalham o mau-cheiro e se infesta de insetos o lado rico do rio. Morador da área, o administrador de empresas Ivan Rui de Andrade Lima está cansado de ver, de madrugada, caçambas e caminhonetes despejando os restos de construção na beira do Capibaribe. “É o lixo da classe média alta. Como se esse não fosse um problema também deles. Querem se livrar dos entulhos e jogam em qualquer lugar. É revoltante”, diz. Ele mesmo evitou que os restos de construção da reforma feita no próprio edifício fossem jogados na beira do rio. “Quando vi que os funcionários da empresa responsável pelo serviço iam jogar lá, adverti. Esse eu consegui evitar”, conta. É a mesma falta de consciência que incomoda o vigia Uberlândio Nascimento, morador de um conjunto popular do bairro da Torre, na Zona Norte da cidade. Acostumado a ver os vizinhos jogando lixo até pela janela, ele desabafa: “O problema é que as pessoas reclamam, mas ninguém faz a sua parte. O bom é jogar a culpa nos outros”. Na calçada do residencial, o cenário traduz a revolta do vigia: sacos de lixo rasgados e espalhados e um colchão velho largado na calçada.
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Prefeito de Recife descuida do lixo e da população
por PGAPereira. Estas fotos mostram o descaso da Secretaria de Educação do município para com a sua população, provavelmente esses meninos nunca tenham assistido aulas de prevenção de saúde pública ou visto os micróbios através de microscópios e as doenças que eles provocam. No ano passado, o Brasil produziu uma montanha de lixo. Foram quase 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos. É mais do que absurdo e indignação. É desperdício e inoperância. A foto do menino de Saramandaia, quase engolido pela sujeira do canal, carrega um pouco de todos nós (ver galeria de imagens no final da matéria). É o nosso lixo de cada dia que está ali, espiando os pecados de uma cidade que não aprendeu a tratar seus restos com consciência e cidadania. A confissão de culpa flagrada em cada detalhe. Perpetuada nos milhares de garrafas PET, sacos plásticos, latinhas de refrigerante, na trivial embalagem de margarina. Quase tudo reaproveitável. Não deveria, nem precisava estar lá. De onde veio esse mar de entulhos que, dragado pela maré baixa do Canal do Arruda, sufoca e corrói a infância dos meninos de Saramandaia? Como ele foi parar ali na foto que correu o mundo? Basta ver. É lixo vindo das nossas cozinhas, da rotina diária de todas as casas. Lixo doméstico. Produzido por uma metrópole que ainda não incorporou, sequer descobriu a coleta seletiva como um hábito saudável e urgente. A população até sabe da importância de reciclar, mas o costume de separar garrafas, vidro, papel é muito mais discurso do que prática. Uma pesquisa inédita do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco, realizada com moradores do Grande Recife, vai direto ao ponto. Feito no final do ano passado e recém-concluído, o levantamento não deixa dúvidas: todos são a favor da reciclagem. Mas poucos, pouquíssimos, contribuem com ela. Os números evidenciam a contradição do dia a dia. Cerca de 95% dos moradores ouvidos consideram a coleta seletiva importante. Mas apenas 10% separam diariamente o lixo, condição fundamental para a reciclagem. Na tentativa de apontar uma explicação para um percentual tão baixo de adeptos da coleta seletiva, a pesquisa questiona entre os que afirmaram que “nunca”, “raramente” ou “só às vezes” separam os resíduos, o porquê dessa resistência? A resposta coloca o dedo na ferida: quase 60% dos entrevistados afirmaram que não fazem a coleta separada porque a prefeitura, na hora de recolher o material reciclável, mistura tudo com o lixo comum. É um problema agravado por outro. Se o universo dos que reciclam é mínimo, a falta de continuidade e exemplo do poder público desestimula, e até afasta, quem poderia e deveria ser convencido a adotar uma prática mais sustentável. O impasse se volta, de novo, para a foto de Paulinho, o menino de 9 anos, que ganha, quando muito, R$ 5, por dia, para separar o lixo que o descaso e a omissão jogaram no canal. A pesquisa, feita em parceria com a Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), quis saber, quem, na opinião da população, é o maior responsável pelos problemas gerados pelo lixo. Pelo menos no discurso, a compreensão é clara: para quase 60% das pessoas ouvidas, esse é um problema de “todos”. Nas ruas do Recife, o resultado do levantamento fica evidente de uma forma inconteste e preocupante. Não importa qual o pedaço da cidade, se o lado dos ricos ou dos mais pobres, o hábito de jogar dejetos nas vias públicas é uma prática de todos. Independe do endereço e do valor do IPTU pago. Improvável imaginar que na Avenida Beira-Rio, no bairro das Graças, área nobre da capital, existe um lixão a céu aberto. Mas ali, às margens do Rio Capibaribe e aos pés dos arranha-céus de luxo, cresce diariamente um depósito alimentado pelos restos de construção de prédios e casas de moradores da própria região. A reportagem flagrou o momento em que um dos carroceiros despejava metralha trazida de uma reforma feita por um edifício a poucas quadras dali. Uma rápida olhada no lixo orgânico depositado no trecho privilegiado da cidade também é revelador: garrafas de vinho italiano, azeite extravirgem de qualidade e vinagre balsâmico se misturam a restos de comida que espalham o mau-cheiro e se infesta de insetos o lado rico do rio. Morador da área, o administrador de empresas Ivan Rui de Andrade Lima está cansado de ver, de madrugada, caçambas e caminhonetes despejando os restos de construção na beira do Capibaribe. “É o lixo da classe média alta. Como se esse não fosse um problema também deles. Querem se livrar dos entulhos e jogam em qualquer lugar. É revoltante”, diz. Ele mesmo evitou que os restos de construção da reforma feita no próprio edifício fossem jogados na beira do rio. “Quando vi que os funcionários da empresa responsável pelo serviço iam jogar lá, adverti. Esse eu consegui evitar”, conta. É a mesma falta de consciência que incomoda o vigia Uberlândio Nascimento, morador de um conjunto popular do bairro da Torre, na Zona Norte da cidade. Acostumado a ver os vizinhos jogando lixo até pela janela, ele desabafa: “O problema é que as pessoas reclamam, mas ninguém faz a sua parte. O bom é jogar a culpa nos outros”. Na calçada do residencial, o cenário traduz a revolta do vigia: sacos de lixo rasgados e espalhados e um colchão velho largado na calçada.
domingo, 3 de novembro de 2013
Agrotóxicos em alimentos do Brasil
por
PGAPereira. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
revela que ainda é alta a presença de resíduos de agrotóxicos em muitos
alimentos presentes na mesa dos brasileiros. Cerca de 36% das amostras de
alimentos de 2011 e 29% das amostras de 2012 apresentaram resultados
insatisfatórios nessa questão, de acordo com o relatório de atividades do
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). No ano
passado, por exemplo, 59% das amostras de morango foram consideradas
insatisfatórias. Nesse cálculo, pesam quesitos como a presença de agrotóxico
não autorizado para o alimento analisado; uso de agrotóxico autorizado, mas
acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR); e a detecção, conjunta, de agrotóxico
não autorizado e autorizado, mas acima do limite permitido. Das amostras de
pepino, no ano passado, 42% foram consideradas insatisfatórias pela Anvisa.
Para o abacaxi, o índice foi de 41%. Nas amostras de cenoura, 33% foram classificadas
como insatisfatórias no ano passado. Das amostras insatisfatórias, cerca de 30%
se referem a agrotóxicos que estão sendo reavaliados pela Anvisa. Mas uma
surpresa foi a presença de pelo menos dois agrotóxicos que nunca foram
registrados no Brasil: o azaconazol e o tebufempirade. Eles foram encontrados
em amostras de uva. Segundo a Anvisa, isso sugere que os produtos podem ter
entrado no Brasil por contrabando. "Outro resultado de destaque foi a
detecção de aldicarbe em uma amostra de arroz. Trata-se do ingrediente ativo de
maior toxicidade aguda dentre todos os agrotóxicos de uso agrícola, sendo
também o mais empregado, indevidamente, como raticida ilegal, sob a denominação
popular de 'chumbinho'. Sua reavaliação toxicológica foi efetuada em 2006, e em
decorrência deste processo, diversas medidas restritivas foram recomendadas
pela Anvisa e implementadas pelo fabricante do único produto formulado até
então registrado no País, que desenvolveu um programa de controle específico
para este produto", cita o estudo, referente a dados de 2011. Na
elaboração da pesquisa foram analisadas 3.293 amostras de alface, arroz,
cenoura, feijão, mamão, pepino, pimentão, tomate e uva. A íntegra do estudo
está disponível para consulta na internet, no site da Anvisa. Em 2012, 36% das
amostras puderam ser rastreadas até o produtor e 50% até o distribuidor do
alimento. A Anvisa explica que a escolha dos alimentos considerou dados de
consumo obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
relativos à disponibilidade desses alimentos nos supermercados das diferentes
unidades da federação e no perfil de uso de agrotóxicos. Em nota, o diretor
presidente da agência, Dirceu Barbano, afirma que "a Anvisa tem se
esforçado para eliminar ou diminuir os riscos no consumo de alimentos, isto se
aplica também aos vegetais. Por esta razão a agência monitora os índices de
agrotóxicos presentes nas culturas. Nós precisamos ampliar a capacidade do
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária de monitorar o risco tanto para o consumidor
como para o produtor para preservar a saúde da população". A Anvisa
coordena o PARA em conjunto com órgãos de vigilância sanitária estaduais e
municipais, que realizam os procedimentos de coleta dos alimentos nos
supermercados e de envio aos laboratórios para análise.
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